terça-feira, dezembro 25, 2007

E quando tudo estava a correr mal

aparece mais qualquer coisinha que torna tudo ainda pior. "A coisa aqui 'tá preta... "



Chico Buarque/ Francis Hime - "Meu caro amigo"

segunda-feira, dezembro 17, 2007

THE KILLERS - Don't Shoot Me Santa



Brandon:
Oh Noel
Eu estava esperando por você
Noel:
Isso é engraçado, garoto
Porque eu estava vindo por você
Brandon:
Oh Noel
Eu tenho matado por diversão
Noel:
Bem, a festa acabou, garoto
Porque eu
Porque eu tenho uma bala na minha arma
Brandon:
Uma bala na sua o que?


Não atire em mim, Papai Noel
Eu tenho sido um bom garoto
Eu prometo a você
Fiz tudinho que você me pediu
Eu não posso acreditar em tudo que venho sofrendo

Não atire em mim, Papai Noel
Ninguem mais por aqui acredita em mim
Mas as crianças do bairro, elas me provocam
Eu não podia deixa-los escapar tão facilmente


Brandon:
Oh Noel
Tem sido um ano tão difícil
Noel:
Num tem como escapar dessa situação
A vida é dura
Mas olhe para mim
Eu me virei bem
Brandon:
Hey Noel
Porque nós não conversamos sobre isso?
Para resolver esse problema
Noel:
Acredite em mim
Num era isso que eu queria
Eu amo todas as crianças, você sabe disso
Que inferno, eu lembro quando você tinha só 10 anos
Brincando lá no deserto
Esperando por um gole da doce chuva de Mojave
Brandon:
Na doce chuva de Mojave
O garoto tinha que se virar sozinho


Não atire em mim, Papai Noel
Eu tenho sido um bom garoto
Eu prometo a você
Fiz tudinho que você me pediu
Eu não posso acreditar em tudo que venho sofrendo

Hey Papai Noel
Ninguem mais por aqui acredita em mim
Mas as crianças do bairro, elas me provocam
Eu não podia deixa-los escapar tão facilmente

Eles mereceram
Porque você não consegue ver?
Eu não poderia continuar aceitando aquilo
O sol está se pondo e o Natal está perto
Só olhe pra outro lado e eu desaparecerei para sempre

Woo!

Não atire em mim, Papi Noel
Ninguem mais por aqui acredita em mim
Mas as crianças do bairro, elas me provocam
Eu não podia deixa-los escapar tão facilmente

Acredite em mim
Noel
Noel

domingo, setembro 30, 2007

Dias úteis


O sr. Viegas é o gentil personagem que me vende o jornal todos os dias. Todos os dias não será, porque a sua gentileza faz com que ao aproximar-me do seu quiosque - e enquanto ele mata o tempo a deambular pelos canteiros aí existentes - tenha a amabilidade de me avisar mal me aproximo: “Já não tenho o Público.”
Eu agradeço a amabilidade para evitar que ande 10 metros desnecessários e volto para trás. Quando quer conversa, nada me diz. Atrai-me para a sua armadilha – o interior do quiosque, claro – e só então me informa que o jornal já esgotou. E é nessa altura que ataca com uma qualquer banalidade:
- Isto realmente! Já viu quanto ganha o gajo das finanças? Não há-de o país estar mal. Geralmente dou dois dedos de conversa para me mostrar educado. Gentil como é, o Sr. Viegas não insiste. Percebe que não tenho tempo e que a conversa também não tem muito assunto e fica-se por aí. Por vezes, quando lhe sinto a solidão por detrás dos seus jornais e revistas, finjo ler os títulos das revistas de impressa cor-de-rosa enquanto espero pelo troco, o que permite trocar umas banalidades e que só serve para prolongar o breve momento de companhia. Talvez ainda nesse sentido, todos os dias, quando entrego um euro para pagar 90 cêntimos, pergunta-me pondo a sua cara de velhote distraído: ”ora, quanto é o jornal? Quanto é que tenho que lhe dar…”. Eu, não querendo ofender o meu fornecedor de informação diária, finjo procurar nervosamente pelo preço do jornal e afavelmente digo-lhe sempre “ ora…isto é... 90 cêntimos…está aqui, olhe. Pois então só me deve 10 cêntimos”. Nessa altura, a moeda já se estende na mão vivida do Sr. Viegas para calmamente me dar o troco. Tanto eu como ele sabemos o preço do jornal, mas já faz parte do ritual a incógnita do preço, o troco, o boa tarde, o até amanhã.
É um personagem no mais bonito sentido da palavra, claro. O bigode que contorna o lábio superior, finamente desenhado e, presumo eu, diariamente aparado, lembra-nos aqueles senhores educados de outros tempos, aqueles seres que perguntam “a menina dança?”. Mantém o seu cabelo cuidadosamente penteado para trás, como manda a moda de há muitos anos, contudo um pouco comprido demais de acordo com os ditames da época que eu lhe atribuo. Aí, o gentleman do bairro dá um ar mais rebelde, menos certinho, que só faz com que apreciemos mais a figura. Para isso contribui também o seu colete com muitos bolsos, cheios de coisas que todos os dias deve vestir como que o seu uniforme de trabalho. Farense como é, possui aquele sotaque que só quem conhece pode compreender. O sotaque farense (e também dos arredores, Olhão, Quarteira, etc..) é pródigo em brutalidade. As frases são arrematadas com violência e exaltação, as perguntas parecem exclamações e as exclamações parecem perguntas retóricas. Quem por aqui passar desprevenido, pensará que são todos arrogantes, brutos, como que filhos únicos mimados para quem o mundo existe só para eles. Nada disso. É só forma, o conteúdo é igual ao de qualquer outro lusitano.
O bairro conhece-o, eu conheço-o, e no fundo nada sei sobre ele, sobre o que pensa, sobre quem é. Hoje decidi ficar e explorar. Confesso que os meus afazeres deram-me pouca vontade de sair dali e portanto segui o ritual como manda o protocolo, e quando veio a pergunta da actualidade, respondi, e fiquei. O próprio Sr. Viegas por dois ou três segundos deixou de olhar para a sua banca, olhou para mim, eu senti que ele não estava à espera do meu troco. Ele percebeu que eu ia ficar, respondeu, eu retorqui, ele esgrimiu uns argumentos, eu concordei em parte, ele não concordou com essa parte, veio um dos seu outros clientes diários – à procura do novo vinho tinto da revista de vinhos – ficou, conversámos, fomos ver que vinho era.
- Estremadura? Hum…Eu gosto mais dos alentejanos - disse já um outro comparsa que entretanto tinha se tinha juntado à conversa.
- Olhe que isto é bom! Acha que eles iam vender vinhos maus? - defendeu-se o Sr. Viegas um bocadinho ofendido com a afirmação feita num sotaque farense perfeito.
A conversa ainda foi para o grau, a casta, a quinta , o preço, a embalagem, o tempo.
Foi aí que tive um dos mais bonitos e prazenteiros momentos dos últimos tempos da minha vida. Dei por mim dentro de um desarrumado quiosque, com três reformados, a falar de política e vinhos. Os ponteiros do relógio nunca param e eu tinha que ir.
- Boa tarde, até amanhã. - disse eu escapulindo-me pelo meio das cascatas de jornais penduradas no alpendre.
- Até amanhã! - Exclamaram os meus novos amigos.
Ainda mantenho o sorriso de prazer com que de lá saí.

segunda-feira, agosto 06, 2007

sábado, julho 07, 2007

"Estou mais maduro!!!"


Antes | Depois

Masterpiece


Sobre o filme não me apetece escrever muito. Aliás, não me apetece escrever nada. Lembrei-me deste filme porque o revi, talvez pela quarta ou quinta vez, ontem, na televisão. “American Splendor” é simplesmente genial. Uma daquelas obras de arte cinematográficas que me enchem as medidas. Os actores, o guião, a História, a música, tudo muito, muito bom.

Quem ainda não o viu, corra já para um clube de vídeo.




Harvey Pekar: I felt more alone that week than any. Sometimes I'd feel a body lying next to me like an amputee feels a phantom limb. All I did was think about Jennie Gerhardt and Alice Quinn and all the decades of people I had known. The more I thought, the more I felt like crying. Life seemed so sweet and so sad, and so hard to let go of in the end. But hey, man, every day is a brand new deal, right? Just keep on working and something's bound to turn up.

sexta-feira, julho 06, 2007

Atahualpa Yupanqui II

canción para pablo neruda





Pablo nuestro que estás en tu Chile,
Viento en el viento.
Cósmica voz de caracol antiguo.
Nosotros te decimos,
Gracias por la ternura que nos diste.
Por las golondrinas que vuelan con tus versos.
De barca a barca. De rama a rama.
De silencio a silencio.
El amor de los hombres repite tus poemas.
En cada calabozo de América
un muchacho recuerda tus poemas.
Pablo nuestro que estás en tu Chile.
Todo el paisaje custodia tu sueño de gigante.
La humedad de la planta y la roca
allá en el sur.
La arena desmenuzada, Vicuña adentro,
en el desierto.
Y allá arriba, el salitre, las gaviotas y el mar.
Pablo nuestro que estás en tu Chile.
Gracias, par la ternura que nos diste.

Atahualpa Yupanqui

Preguntitas sobre diós











Un día yo pregunté:
Abuelo, dónde está Dios.
Mi abuelo se puso triste,
y nada me respondió.

Mi abuelo murió en los campos,
sin rezo ni confesión.
Y lo enterraron los indios,
flauta de caña y tambor.

Al tiempo yo pregunté:
¿Padre, qué sabes de Dios?
Mi padre se puso serio
y nada me respondió.
Mi padre murió en la mina
sin doctor ni protección.
¡Color de sangre minera
tiene el oro del patrón!

Mi hermano vive en los montes
y no conoce una flor.
Sudor, malaria, serpientes,
la vida del leñador.

Y que nadie le pregunte
si sabe donde está Dios.
Por su casa no ha pasado
tan importante señor.

Yo canto par los caminos,
y cuando estoy en prisión
oigo las voces del pueblo
que canto mejor que yo.

Hay un asunto en la tierra
más importante que Dios.

Y es que nadie escupa sangre
pa que otro viva mejor.

¿Que Dios vela por los pobres?
Talvez sí, y talvez no.
Pero es seguro que almuerza
en la mesa del patrón.

sábado, maio 12, 2007

"Can an American lead the French?"

By Patrick Belton

«A malaise-ridden France just elected the most pro-American president in its history. But Nicolas Sarkozy’s victory doesn’t mean the French are eager to see their socialist perks disappear in a flurry of Anglo-Saxon reforms. France’s new leader will need to be cunning, bold, and downright ruthless if he is to overcome the French resistance—and return his country to glory.

Nicolas Sarkozy may be his country’s most unabashedly pro-U.S. leader since Lafayette. France’s assertive new president has promised drastic economic reforms à la Anglo-Américain, and believes he has a mandate for change. He vowed a modernizing “rupture” with French politics during the campaign and said French politicians should emulate Margaret Thatcher and Tony Blair. He speaks often of his admiration for the United States, and his rhetoric of hard work and appeals to the “France that gets up early” is pure Ronald Reagan. Accordingly, his proposals include lower corporate taxes, smaller public sector pensions, and a relaxation of the sacred 35-hour workweek. (...)»

Ler artigo completo aqui

Fonte: Foreign Policy

quinta-feira, maio 10, 2007

NEO-CONS STILL CONTROL PRESIDENT

Wolfowitz, Perle, Feith May Be Gone, But Neo-cons Still Running U.S. Policy

By Michael Collins Piper
SEN. CHUCK HAGEL (R-Neb.) has charged that hard-line pro-Israel neo-conservatives are still directing the Bush administration’s U.S. Middle East policy, and this to the detriment of America’s interests. This is a pointed contradiction of continuing claims by many in the Israel-friendly American media monopoly who attempt to promote the myth that the neo-conservatives are no longer of any influence inside the Bush administration. (...)

Ler o artigo completo aqui

Fonte: American Free Press


quarta-feira, maio 02, 2007

segunda-feira, abril 30, 2007

quarta-feira, abril 25, 2007

Terra da fraternidade

Há sempre um sítio onde nos sentimos bem. Seja o nosso lar; aquele sítio especial onde namorámos; onde tivemos as férias inesquecíveis; aquele sítio mágico que pensamos ser os únicos a conhecer e onde o mundo pára um bocadinho só para nós; aquele sítio das brincadeiras de infância; há sempre um sítio que nos aconchega o espírito.
Eu tenho alguns, um de cada dos que exemplifiquei e mais um especial: O bar Chessenta, em Faro.
Primeiro uma curta declaração de (des)interesses: Não sou comunista; gosto muito pouco do PCP, em termos partidários; e não tenho nenhuma admiração pela figura do Che Guevara.
Quanto ao bar, não é tanto o sítio, no sentido de espaço físico, pois esse mudou, é o ambiente que lá se vive. O bar Chessenta - para os amigos simplesmente Che - é comunista, a decoração é comunista, os frequentadores habituais são, na sua maioria comunistas, a música ao vivo é de intervenção e o ambiente, esse, é de harmonia.
Conheci o Che há quase 9 anos. Entrei lá pela primeira vez quando estava a ser praxado no meu primeiro ano de faculdade. As vítimas eram “os 3 das Caldas” (conhecidos na blogosfera por queirosene, Xico e Mr.T) que, arrastados pelos abusadores, foram parar a uma tasca vazia, de aspecto rude e que transpirava comunismo pelas paredes. Alguém nos mandou ajoelhar e cantar uma música qualquer. Aparece então um senhor magríssimo, de barba, com a voz embagaçada que nos disse a frase mais sentida que ouvi em toda a minha vida: “Levantem-se já! Mais vale morrer de pé do que viver de joelhos! De joelhos neste bar, NUNCA !”.
O embaraço foi geral, o silêncio constrangedor e a lição para a vida. A memória tem 10 anos, a emoção desta descrição poderá turvar os factos, mas a frase, essa, jamais esquecerei.
O tal senhor, era o Sr. Mário, dono do estabelecimento na altura. E como todos os personagens têm um compincha, a dupla ficava completa com o Sr. Zé. Portuense, de bigode, frases imperceptíveis, cabia-lhe a ingrata tarefa de servir às mesas. O bar é uma espécie de duplex, com umas escadas íngremes que nos levam ao primeiro andar onde estão as mesas e o “palco”. Inevitavelmente alguém caía nas escadas molhadas por cerveja, ou outro líquido e invariavelmente era o Sr. Zé a vítima das circunstâncias. Não fora, na maior parte das vezes, ele estar altamente embriagado e a transportar copos, e a gargalhada geral mesclada com a música ambiente, teria muito mais piada.
O Mário e o Zé há muito que deixaram o bar. A tasca que conheci há muitos anos, a tasca onde se escrevia nas paredes o que nos ia na alma, a tasca cheia de gente a cantar as músicas do Zeca e com imperial ao preço da chuva, mudou. Transformou-se num bar limpo, bem arranjado, com um pequeno plasma capitalista que destoa do resto e com paredes nuas de criatividade pessoal - felizmente, os quadros, fotografias e poemas que decoram o ambiente, mantêm-se.
O que este bar tem de especial, para mim, não é a decoração, nem a música, nem o preço (esse não é de certeza). O que de bom tem o Chessenta, é o que de bom tem, por exemplo, a festa do Avante. O espírito de festa, de comunhão, de liberdade, de igualdade, de fraternidade, o espírito de camaradagem, que nos contagia e alegra. É impossível não gostar. Ódio é uma palavra que nunca deve lá ter entrado. Para isto muito ajudam os seus clientes habituais. Os mais jovens, na sua maioria da JCP, demasiado eufóricos por jogarem, que é como quem diz cantarem, em casa; e os mais velhos: retornados, socialistas, comunistas, bloquistas, “Abril-istas” e resistentes do antigo e do actual regime - pelo menos é assim que os vejo.
Há algum tempo que não ia lá. Ir ao Che, não é só ir beber um copo e pôr a conversa em dia com os amigos. Ir ao Che implica ouvir música ao vivo, cantar e falar com os vizinhos da mesa ao lado, de preferência nas noites de lotação esgotada. Desta forma, já não ia lá a alguns meses.
E claro, ontem, dia 24, só havia um sítio onde ir. O ritual cumpriu-se e lá estive eu. Acompanhado de novos e velhos amigos, rodeado de novos e velhos desconhecidos, com os cheiro dos cravos no ar, de braço dado com os e as camaradas do momento, a cantar a única música que me causa arrepios e humedece os olhos: “Grândola Vila Morena”.
Chessenta, terra da fraternidade…

A todos os que contribuíram, muito obrigado!



Somos livres (uma gaivota voava voava)

Letra e música: Ermelinda Duarte
Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.

Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.

terça-feira, abril 24, 2007

Caminhamos para a inexistência?


Acabo de ouvir um senhor que ligou para o programa “Antena aberta” da Antena 1. Resumidamente, disse algo muito aproximado a: “(…) Presos políticos? Quantos eram? Só meia dúzia! E eram aqueles que queriam vender o país aos Soviéticos. Hoje em dia o primeiro-ministro pede aos jornalistas para não publicarem isto ou aquilo, controla a imprensa. Ora, isto é uma falsa democracia. Prefiro uma ditadura do que uma falsa democracia. E agora não se pode construir um museu ao Dr. Salazar? Se eu quiser visitar um mausoléu, não posso? (…) A mim, o 25 de Abril não me trouxe nada de bom.”
Este fórum da Antena 1 – tal como o fórum da TSF – é a voz do português sem voz, a voz do “bitaite” popular, a voz do povo, uma voz para se ouvir com atenção. Durante muito tempo não tinha paciência para ouvir as barbaridades aqui ditas. Demorei a chegar à conclusão de que as barbaridade mais não são do que as opiniões que eu considero contrárias às minhas. Mais, tendo o programa o formato e as características que tem, não só são opiniões diferentes como, geralmente, também são extremistas.
Demorei, mas mudei. Hoje em dia ouço estes taxistas, trolhas, operários, camionistas, reformados, etc, com a mesma atenção que oiço o Miguel Sousa Tavares. Quero conhecer o meu povo.
Ainda sobre o ouvinte que relatei no primeiro parágrafo, a sua atitude, os seus argumentos e o seu desconhecimento dos factos, são recorrentes em muitos outros ouvintes que ligam para falar sobre este ou outros temas.
Um povo sem memória é um povo morto, inexistente. Nós, os portugueses, temos tendência para esquecer o passado. Seja ele mais ou menos recente. No fundo, acho que fazemos mais do que isso. Lembramo-nos da História e dos seus protagonistas e factos, mas fazemos por os esquecer. Às vezes pior, lembramo-nos de uma maneira diferente, mais conveniente à nossa opinião. Lembramo-nos da História como a nos impingiram, no café, na taberna, no estádio, na esplanada. Os índices de leitura ou de analfabetismo funcional assim o comprovam, bem como os concursos da TV. Que o diga o Dr. Salazar.
A mim, o 25 de Abril só me trouxe coisas boas.

terça-feira, março 06, 2007

Paradoxo*?

Pedro Santana Lopes participou ontem num debate sobre "A Memória e a Política”, organizado pelo Clube dos Pensadores.
Ora aqui estão 4 palavras que não deviam caber na mesma frase: Santana; Lopes; Pensador; Memória.

(*) - Relacionado com a antítese, o paradoxo é uma figura de estilo que consiste na exposição contraditória de ideias. As expressões assim formuladas tornam-se proposições falsas, à luz do senso comum, mas que podem encerrar verdades do ponto de vista psicológico/poético.(Simplificando,é uma afirmação ou opinião que à primeira vista parece ser contraditória,mas na realidade expressa uma verdade possível). (in wikipédia)

domingo, março 04, 2007

Quem é quem?


Que imagem memorável.

Anti-fascistas contra um Museu de Salazar.

População, fascistas e afins contra os anti-fascista.

Portanto:

- Os anti-fascistas manifestam-se contra a coisa mais preciosa que o regime fascista suprimiu: a liberdade de livre expressão.
(Mesmo que o museu seja um memorial ao Salazar, local de peregrinação de saudosistas fascizóides e afins, acho que têm todo o direito e liberdade para o fazerem.)

- Do outro lado, o povo que grita Salazar e a extrema-direita lá concentrada, portanto, os saudosos do fascismo e da repressão, advogam o direito à liberdade (de construção do museu). E “eles que vão lá mandar prá terra deles, que na nossa mandamos nós”, mais não é que uma exaltação no poder autárquico/local que, durante o regime fascista, não existia.

Pelo meio, uma força policial - que no tempo dos fascistas já tinha dispersado aquela gente toda à bastonada- nem um tirinho disparou para a frente (nacional).
Uma GNR irreconhecível.


Quem é o quê afinal?

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Moi aussi



Sem ser excelente, é bom, muito bom...
Não percam.

Hoje, é esta que não me sai da cabeça...




Nessun dorma!
Nessun dorma...


Tu pure, o principessa
Nella tua fredda stanza
Guardi le stelle
Che tremand d'amore
E di speranzza...

Ma il mio mistero è chiuso in me
Ol nome mio nessun saprá
No, no... sulla tua bocca lo dirò

Quando la luce splenderà
Ed il mio bacio scioglera il silencio
Che ti fa mia
Dilegua, o notte!!

Tramontete, stelle
All`alba vincerò
Vincerò....
Vincerò!!!



domingo, fevereiro 25, 2007

Zeca


Antena 1, hoje, passou às 9h00 uma excelente entrevista a Zeca Afonso. Acho que repete hoje à meia noite. A não perder!

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Se me explicassem tudo assim, já tinha acabado o curso.

"Protein synthesis: an epic on the cellular level"

Directed in 1971 by Robert Alan Weiss for the Department of Chemistry of Stanford University and imprinted with the "free love" aura of the period, this short film continues to be shown in biology class today. It has since spawn a series of similar funny attempts at vulgarizing protein synthesis. Narrated by Paul Berg, 1980 Nobel prize for Chemistry.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Até a barraca abana


E pronto, de repente, já não se fala no aborto.
É o poder de um sismo.
Aposto que foi o Movimento do Não. É no que dá tantas beatas a rezar ao mesmo tempo.

domingo, fevereiro 11, 2007

World Press Photo

Além da já conhecida foto vencedora, os outros premiados encontram-se aqui expostos. Excelentes fotografias.

Destaco as seguintes duas, simplesmente fantásticas!
Portraits: 1st prize singles

People in the News: 2nd prize stories

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

"I Came to Believe "

I couldn't manage the problems I laid on myself
And it just made it worse when I laid them on somebody else
So I finally surrendered it all brought down in dispair
I cried out for help and I felt a warm comforter there

And I came to believe in a power much higher than I
I came to believe that I needed help to get by
In childlike faith I gave in and gave Him a try
And I came to believe in a power much higher than I

Nothing worked out when I handled it all on my own
And each time I failed it made me feel twice as alone
Then I cried, "Lord there must be a sure and easier way
For it just cannot be that a man should lose hope every day."

Yes, I came to believe in a power much higher than I


Johnny Cash

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

"Treat Your Mother Right"

Mr.T, um dos meus heróis de infância, sempre a dar conselhos bem úteis.
Um bem-haja, Mr. T.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Touché


Quando um gajo das Caldas da Rainha "acusa" os nazarenos de serem uns coitadinhos, merece ouvir (de uma nazarena):


“Mas alguém morre a fazer caralhos?”



Bem mandada, amiga.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Amnésia


O Público de hoje noticia: “Santana Lopes convidado duas vezes para líder parlamentar do PSD”.

“Gosto muito de política e gosto muito de ser deputado, mas mais nada. Não tenho projectos políticos para o curto e médio prazo” afirmou Santana Lopes.

As questões que se colocam parecem-me óbvias:

- Que a bancada do PSD vai mal (infelizmente para a democracia e para Portugal) é certo e sabido, mas a vontade de protagonismo é assim tanta que queiram de volta o pior dos piores? Não sou filiado nem sequer simpatizante do PSD mas ainda tenho algum respeito pelo partido. Pensei que tinham aprendido com os erros e que tinham percebido que a demagogia popularucha já não convence ninguém.

- Santana Lopes ainda é deputado?! Ainda vive em Portugal? Será que consegue sair à rua?...

- Mas alguma vez este senhor teve planos a curto, médio ou longo prazo? Alguma vez teve, pura e simplesmente, algum plano, alguma ideia?

- Que gosta muito de ser político, já eu sabia; “(…)mas mais nada.”
Também já me tinha apercebido disso: político (no pior sentido da palavra) e mais nada.

Como a amnésia é um mal colectivo nacional, aposto que quando o Zé Manel voltar de Bruxelas, o PSD estender-lhe-á a passadeira vermelha para Belém. O povo embasbacado com esse “grande Português” que liderou a Europa, votará em massa no grande timoneiro*.


Alguns seres com um bocadinho mais de memória, lembrar-se-ão que o Zé, aquando da perspectiva de um melhor ordenado e mais protagonismo, deu de frosques para Bruxelas, porque a situação por cá não ia para melhor. Estávamos a passar do discurso da tanga para o do fio dental. As eleições europeias tinham ditado uma derrota ao PSD e o Zé ainda veio à TV dizer aos Portugueses que tinha percebido a mensagem. Meses depois, ala que se faz tarde.


A todos os portugueses aconselho peixinho grelhado com mais frequência. Entre outras coisas, faz bem à memória.


(*)- reparem neste fantástico trocadilho com o passado Maoísta do Zé.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Babel

Acho que sou uma pessoa de paixões. Tenho poucos ódios. Os ódios fazem mal à alma, corroem-na subtilmente até à destruição. É mais fácil ter paixões. Mas como todas as paixões, elas cegam-nos, toldam-nos o pensamento, mudam-nos a realidade de sítio fazendo-nos sentir coisas sinceras adormecidas no mais profundo íntimo. O que escreverei de seguida não é mais do que uma paixão. Como tal, poderá desaparecer, poderá perdurar comigo até que a morte nos separe, mas fingir que não se sente uma qualquer paixão é como querermos deixar de existir. Eu existo.

O filme nunca irá ser considerado uma obra-prima porque é demasiado real, demasiado duro, para alguém poder dizer que é magnífico. É mais fácil pensar e assumir que é simplesmente um filme e classificá-lo de muito bom, imprescindível, ou até mesmo de excelente. No entanto, quando a realidade nos entra pelo coração adentro desta maneira, estamos a ver um documentário sobre nós próprios e que em qualquer parte do mundo, desenvolvido ou não, a dor atinge da mesma maneira, aflige, sufoca, mata. Dizer que o filme é uma obra-prima é admitirmos que um dia podemos perder um filho, uma mulher, ou sofrer a mais dura das solidões. Quando um filme se transforma num extenso e belo poema, quando a realização é da mais soberba elegância sentimental, quando a interpretação nos faz olhar a um espelho, torna-se impossível chamar só “filme” a Babel.

Não sei se vi um filme, se abri uma janela e vi o nosso mundo.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Provavelmente, uma das melhores músicas de sempre


E talvez um dos piores vídeos de sempre?

Saddam morreu, Pinochet morreu. E eu, não vou nada bem.



"Chatterton "
Seu Jorge


Chatterton, suicidou
Kurt Cobain, suicidou
Getúlio Vargas, suicidou
Nietzsche, enloqueceu
E eu, não vou nada bem

Chatterton, suicidou
Cléopatra, suicidou
Isocrates, suicidou
Goya, enloqueceu
E eu, não vou nada nada bem

Chatterton, suicidou
Marc-Antoine, suicidou
Van Gogh, suicidou
Schumann, enloqueceu
E eu, puta que pariu, não vou nada bem...

Muito bom!