quinta-feira, janeiro 18, 2007

Amnésia


O Público de hoje noticia: “Santana Lopes convidado duas vezes para líder parlamentar do PSD”.

“Gosto muito de política e gosto muito de ser deputado, mas mais nada. Não tenho projectos políticos para o curto e médio prazo” afirmou Santana Lopes.

As questões que se colocam parecem-me óbvias:

- Que a bancada do PSD vai mal (infelizmente para a democracia e para Portugal) é certo e sabido, mas a vontade de protagonismo é assim tanta que queiram de volta o pior dos piores? Não sou filiado nem sequer simpatizante do PSD mas ainda tenho algum respeito pelo partido. Pensei que tinham aprendido com os erros e que tinham percebido que a demagogia popularucha já não convence ninguém.

- Santana Lopes ainda é deputado?! Ainda vive em Portugal? Será que consegue sair à rua?...

- Mas alguma vez este senhor teve planos a curto, médio ou longo prazo? Alguma vez teve, pura e simplesmente, algum plano, alguma ideia?

- Que gosta muito de ser político, já eu sabia; “(…)mas mais nada.”
Também já me tinha apercebido disso: político (no pior sentido da palavra) e mais nada.

Como a amnésia é um mal colectivo nacional, aposto que quando o Zé Manel voltar de Bruxelas, o PSD estender-lhe-á a passadeira vermelha para Belém. O povo embasbacado com esse “grande Português” que liderou a Europa, votará em massa no grande timoneiro*.


Alguns seres com um bocadinho mais de memória, lembrar-se-ão que o Zé, aquando da perspectiva de um melhor ordenado e mais protagonismo, deu de frosques para Bruxelas, porque a situação por cá não ia para melhor. Estávamos a passar do discurso da tanga para o do fio dental. As eleições europeias tinham ditado uma derrota ao PSD e o Zé ainda veio à TV dizer aos Portugueses que tinha percebido a mensagem. Meses depois, ala que se faz tarde.


A todos os portugueses aconselho peixinho grelhado com mais frequência. Entre outras coisas, faz bem à memória.


(*)- reparem neste fantástico trocadilho com o passado Maoísta do Zé.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Babel

Acho que sou uma pessoa de paixões. Tenho poucos ódios. Os ódios fazem mal à alma, corroem-na subtilmente até à destruição. É mais fácil ter paixões. Mas como todas as paixões, elas cegam-nos, toldam-nos o pensamento, mudam-nos a realidade de sítio fazendo-nos sentir coisas sinceras adormecidas no mais profundo íntimo. O que escreverei de seguida não é mais do que uma paixão. Como tal, poderá desaparecer, poderá perdurar comigo até que a morte nos separe, mas fingir que não se sente uma qualquer paixão é como querermos deixar de existir. Eu existo.

O filme nunca irá ser considerado uma obra-prima porque é demasiado real, demasiado duro, para alguém poder dizer que é magnífico. É mais fácil pensar e assumir que é simplesmente um filme e classificá-lo de muito bom, imprescindível, ou até mesmo de excelente. No entanto, quando a realidade nos entra pelo coração adentro desta maneira, estamos a ver um documentário sobre nós próprios e que em qualquer parte do mundo, desenvolvido ou não, a dor atinge da mesma maneira, aflige, sufoca, mata. Dizer que o filme é uma obra-prima é admitirmos que um dia podemos perder um filho, uma mulher, ou sofrer a mais dura das solidões. Quando um filme se transforma num extenso e belo poema, quando a realização é da mais soberba elegância sentimental, quando a interpretação nos faz olhar a um espelho, torna-se impossível chamar só “filme” a Babel.

Não sei se vi um filme, se abri uma janela e vi o nosso mundo.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Provavelmente, uma das melhores músicas de sempre


E talvez um dos piores vídeos de sempre?

Saddam morreu, Pinochet morreu. E eu, não vou nada bem.



"Chatterton "
Seu Jorge


Chatterton, suicidou
Kurt Cobain, suicidou
Getúlio Vargas, suicidou
Nietzsche, enloqueceu
E eu, não vou nada bem

Chatterton, suicidou
Cléopatra, suicidou
Isocrates, suicidou
Goya, enloqueceu
E eu, não vou nada nada bem

Chatterton, suicidou
Marc-Antoine, suicidou
Van Gogh, suicidou
Schumann, enloqueceu
E eu, puta que pariu, não vou nada bem...

Muito bom!