terça-feira, abril 24, 2007

Caminhamos para a inexistência?


Acabo de ouvir um senhor que ligou para o programa “Antena aberta” da Antena 1. Resumidamente, disse algo muito aproximado a: “(…) Presos políticos? Quantos eram? Só meia dúzia! E eram aqueles que queriam vender o país aos Soviéticos. Hoje em dia o primeiro-ministro pede aos jornalistas para não publicarem isto ou aquilo, controla a imprensa. Ora, isto é uma falsa democracia. Prefiro uma ditadura do que uma falsa democracia. E agora não se pode construir um museu ao Dr. Salazar? Se eu quiser visitar um mausoléu, não posso? (…) A mim, o 25 de Abril não me trouxe nada de bom.”
Este fórum da Antena 1 – tal como o fórum da TSF – é a voz do português sem voz, a voz do “bitaite” popular, a voz do povo, uma voz para se ouvir com atenção. Durante muito tempo não tinha paciência para ouvir as barbaridades aqui ditas. Demorei a chegar à conclusão de que as barbaridade mais não são do que as opiniões que eu considero contrárias às minhas. Mais, tendo o programa o formato e as características que tem, não só são opiniões diferentes como, geralmente, também são extremistas.
Demorei, mas mudei. Hoje em dia ouço estes taxistas, trolhas, operários, camionistas, reformados, etc, com a mesma atenção que oiço o Miguel Sousa Tavares. Quero conhecer o meu povo.
Ainda sobre o ouvinte que relatei no primeiro parágrafo, a sua atitude, os seus argumentos e o seu desconhecimento dos factos, são recorrentes em muitos outros ouvintes que ligam para falar sobre este ou outros temas.
Um povo sem memória é um povo morto, inexistente. Nós, os portugueses, temos tendência para esquecer o passado. Seja ele mais ou menos recente. No fundo, acho que fazemos mais do que isso. Lembramo-nos da História e dos seus protagonistas e factos, mas fazemos por os esquecer. Às vezes pior, lembramo-nos de uma maneira diferente, mais conveniente à nossa opinião. Lembramo-nos da História como a nos impingiram, no café, na taberna, no estádio, na esplanada. Os índices de leitura ou de analfabetismo funcional assim o comprovam, bem como os concursos da TV. Que o diga o Dr. Salazar.
A mim, o 25 de Abril só me trouxe coisas boas.

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