
O filme nunca irá ser considerado uma obra-prima porque é demasiado real, demasiado duro, para alguém poder dizer que é magnífico. É mais fácil pensar e assumir que é simplesmente um filme e classificá-lo de muito bom, imprescindível, ou até mesmo de excelente. No entanto, quando a realidade nos entra pelo coração adentro desta maneira, estamos a ver um documentário sobre nós próprios e que em qualquer parte do mundo, desenvolvido ou não, a dor atinge da mesma maneira, aflige, sufoca, mata. Dizer que o filme é uma obra-prima é admitirmos que um dia podemos perder um filho, uma mulher, ou sofrer a mais dura das solidões. Quando um filme se transforma num extenso e belo poema, quando a realização é da mais soberba elegância sentimental, quando a interpretação nos faz olhar a um espelho, torna-se impossível chamar só “filme” a Babel.
Não sei se vi um filme, se abri uma janela e vi o nosso mundo.
Sem comentários:
Enviar um comentário