Os mais perversos leitores pensarão de imediato que perdi a virgindade. Não é nada disso. Terei que esperar mais uns anos para que tal milagre aconteça. Também não escrevi um livro nem plantei uma árvore. Não ajudei criancinhas pobres, nem acabei o meu curso universitário. Não arranjei emprego, nem deixei de roer as unhas.
Hoje, atravessei o Bairro dos Ciganos a pé! Sozinho!
Vinte e cinco anos e meio depois de ter sido posto neste mundo, fiz-me Homem.
E porque achei que o momento merecia um toque especial, procurei na panóplia de mp3 de bolso, a música mais anúncio-de-penso-higiénico-sinto-me-bem-e-não-quero-saber-de-mais-nada, que tinha. Encontrei. Era a música mais alegre que podia haver para a circunstância: “We Are The Sleepyheads” de Belle And Sebastian. Pus os phones (este acto, só por si, é fascinante) para ignorar qualquer som circundante - por exemplo “passái o diñero, ó primo” - e segui feliz da vida.
Qualquer tom xenófobo neste texto é pura especulação. O bairro dos ciganos é contíguo ao meu (bairro dos branquinhos). Desde criança que me habituei a brincar com ciganos, e tal facto nunca me causou muito incómodo, à parte do cheiro, claro. Mas eram os ciganos que vinham brincar para a minha porta. Ir brincar para a porta dos ciganos incluía uma sova, roubo de todos os pertences e um valente raspanete ao chegar a casa.
Assim, a brincadeira sempre ficou pelo meu bairro.
Mas hoje, não há fronteiras. Eu uni os dois povos: o EU e o Eles.
Hoje, atravessei o Bairro dos Ciganos a pé! Sozinho!
Vinte e cinco anos e meio depois de ter sido posto neste mundo, fiz-me Homem.
E porque achei que o momento merecia um toque especial, procurei na panóplia de mp3 de bolso, a música mais anúncio-de-penso-higiénico-sinto-me-bem-e-não-quero-saber-de-mais-nada, que tinha. Encontrei. Era a música mais alegre que podia haver para a circunstância: “We Are The Sleepyheads” de Belle And Sebastian. Pus os phones (este acto, só por si, é fascinante) para ignorar qualquer som circundante - por exemplo “passái o diñero, ó primo” - e segui feliz da vida.
Qualquer tom xenófobo neste texto é pura especulação. O bairro dos ciganos é contíguo ao meu (bairro dos branquinhos). Desde criança que me habituei a brincar com ciganos, e tal facto nunca me causou muito incómodo, à parte do cheiro, claro. Mas eram os ciganos que vinham brincar para a minha porta. Ir brincar para a porta dos ciganos incluía uma sova, roubo de todos os pertences e um valente raspanete ao chegar a casa.
Assim, a brincadeira sempre ficou pelo meu bairro.
Mas hoje, não há fronteiras. Eu uni os dois povos: o EU e o Eles.
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