segunda-feira, outubro 17, 2005

Apetece-me ofender muito e pensar pouco

Há coisas que me chateiam. Hoje, quando deambulava pela net, deparei-me outra vez com a "Directiva Bolkenstein". Basicamente a directiva relativa aos serviços no mercado interno propõe-se «…abrir completamente o "mercado de serviços na Europa". A aprovação de tal proposta significaria que sectores essenciais tais como a cultura, educação, cuidados de saúde e todos os serviços relacionados com os sistemas nacionais de segurança social poderiam ser expostos às mesmas formas de competição económica que os bens comerciais. »

Estas e tantas outras informações úteis foram-me dadas pela esquerda europeia (num sentido geral, não o grupo Parlamentar). Esquerda essa para quem, claro está, esta directiva representa o Apocalipse do Estado social europeu. “Ai Jesus que agora é que vou ter que fazer um seguro de saúde”. A esquerda, Quichotesca de nascença, vê o fim do mundo em qualquer esquina. E eis que gritam eles «Educação, cultura, saúde, comunicações audiovisuais não são mercadorias. » Nas palavras do grande poeta norte-americano: “BulShit!”. Cortem lá as rastas, tomem uma banhoca e sejam bem-vindos ao século XXI. Acordem para a vida. O proletariado de hoje tem comida na mesa, roupa, carros, vão passar férias a Quarteira, põe os filhos a estudar na Universidade e já não morre de tuberculose.

E porque é que só os ressabiados de esquerda se fazem ouvir? Ainda me espanto com a capacidade que a esquerda esquerdista tem de actualizar as cassetes, adaptando aquilo que repetem à pelo menos ¼ de século, à actualidade politico-legislativas

Quero, aliás, exijo ouvir a opinião dos gajos de Direita! Já nem peço a opinião da extrema-direita. Esses, de certeza que já leram um estudo qualquer sobre o assunto na Internet e os seus cerebrozinhos atrofiados manipularam a informação para o que lhes convém. E o que lhes convém é regurgitar umas diarreias verbais ao vento dos acontecimentos: ora sobre pretos, monhés, ou chineses; ora sobre pedófilos; ora sobre a grandiosa Nação. Eles que são mediterrânicamento-loiros, mediterrânicamente-olho-azul, mediterrânicamente-altos, Mediterrânicamente-latinos, e portanto defensores dos “valores” do III Reich. Sobre estes, adapto os cartazes de contra-propaganda de algumas associações gay&lésbica: Só espero que todos os Skin-heads, reencarnem numa mulher, preta, judia e sem uma perna.

Depois vem a história do Dumping Social. A sacana da proposta introduz o «princípio do país de origem», onde «os prestadores de serviços só estão sujeitos à lei do país de onde são provenientes». O exemplo é da página do Miguel Portas: “a profissão de pedreiro é muito regulamentada na Alemanha, mas na Grã-Bretanha não. A aceitação generalizada do princípio do país de origem teria como consequência que um pedreiro alemão no Reino Unido seria abrangido pela lei alemã, mas o seu colega inglês não!”. Esta é a versão mais benigna do filme. Se o leitor(a) substituir o pedreiro alemão por um português e o colocar na Alemanha ou em França diferença fica muito mais nítida: amarrado à legislação portuguesa, em caso de acidente, os serviços de saúde desses países prestar-lhe-iam gratuitamente apenas os cuidados previstos na regulamentação portuguesa, obviamente inferiores. Como é que a realidade dos factos se enquadra no objectivo proclama do da “igualdade de tratamento e não discriminação”, é que não se descortina facilmente... »

Olha, afinal já li a opinião da Direita: « Le président Barroso, un néolibéral atlantiste, qui a fait ses preuves comme destructeur des services publics quand il était premier ministre du Portugal, fait de la stratégie de Lisbonne une de ses plus importantes priorités. Dans le Financial Times (Londres), M. Barroso déclare le 2 février 2005, que « la libéralisation des services est la première de ses priorités. » Il précise que son programme constitue « une rupture claire avec la pensée européenne d’un passé récent quand les préoccupations environnementales et l’amélioration des droits des travailleurs recevaient la même priorité que la nécessité de générer de la croissance. »

Voltando atrás. Bolkenstein rima III Reich. Reich é Império. Império é Mau. Maus são os Lobos. Os Lobos são animais. Os animais cheiram mal. Cheira mal é merda. Logo a Directiva Bolkenstein é uma merda.

Ou não acham? Digam de vossa justiça. Como não tenho paciência para por aquelas votações on-line, vai pelo método antigo: conta-se pelos comentários.

Fontes de Informação: Poucas, quase todas de esquerda. Faltou-me ver a página da Internacional Liberal.

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