segunda-feira, janeiro 23, 2006

Cool-tura para o povo VIII

"E Alegre se fez triste"

Aquela clara madrugada que
viu lágrimas correrem no teu rosto
e alegre se fez triste como se
chovesse de repente em pleno agosto.

Ela só viu meus dedos nos teus dedos
meu nome no teu nome. E demorados
viu nossos olhos juntos nos segredos
que em silêncio dissemos separados.

A clara madrugada em que parti.
Só ela viu teu rosto olhando a estrada
por onde um automóvel se afastava.

E viu que a pátria estava toda em ti.
E ouviu dizer-me adeus: essa palavra
que fez tão triste a clara madrugada.
Manuel Alegre

O CANTO E AS ARMAS, CENTELHA, COIMBRA, 1974, 3ª EDIÇÃO, P.61

sábado, janeiro 21, 2006

Cool-tura para o povo VII - em dia de reflexão

Trova do Vento que Passa

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novos
e notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Sabedoria popular


1) Em Janeiro sobe ao outeiro; se vires verdejar, põe-te a cantar, se vires Cavacar, põe-te a chorar.
2) Quem vai ao mar avia-se em terra; quem vota Cavaco, mais cedo se enterra.
3) Cavaco a rir em Janeiro, é sinal de pouco dinheiro.
4) Quem anda à chuva molha-se; quem vota em Cavaco lixa-se.
5) Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão; parvo que vota em Cavaco, tem cem anos de aflição.
6) Gaivotas em terra temporal no mar; Cavaco em Belém, o povinho a penar
7) Há mar e mar, há ir e voltar; vota Cavaco quem se quer afogar.
8) Março, marçagão, manhã de Inverno tarde de Verão; Cavaco, Cavacão, manhã de inverno tarde de inferno.
9) Burro carregando livros é um doutor; burro carregando o Cavaco é burro mesmo.
10) Peixe não puxa carroça; voto em Cavaco, asneira grossa.
11) Amigo disfarçado, inimigo dobrado; Cavaco empossado, povinho atropelado.
12) A ocasião faz o ladrão, e de Cavaco um aldrabão.
13) Antes só que mal acompanhado, ou com Cavaco ao lado.
14) A fome é o melhor cozinheiro, Cavaco o melhor coveiro.
15) Olhos que não vêm, coração que não sente, mas aturar o Cavaco, não se faz à gente.
16) Boda molhada, boda abençoada; Cavaco eleito, pesadelo perfeito.
17) Casa roubada, trancas na porta; Cavaco eleito, ervas na horta.
18) Com Cavacos e bolos se enganam os tolos.
19) Não há regra sem excepção, nem Cavaco sem confusão.
20) De Boliqueime, nem bom vento nem porra nenhuma.
Gentimente enviado por e-mail.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Burgesso

Nem sei o que hei-de escrever, perante estas merdas.... Estamos entregues aos bichos! Chiça!

terça-feira, janeiro 10, 2006

Cavaco e os 13

Folga no Tribunal Constitucional

“Diz-se pelos corredores do palácio Ratton que uma sondagem junto dos 13 juízes-conselheiros sobre as suas intenções de voto para as próximas presidenciais daria a vitória por unanimidade ao candidato Cavaco Silva. Não por ser o candidato ideologicamente mais próximo de todos os Juízes do Tribunal constitucional (TC). Mas, comentam as más-línguas, porque, com Cavaco em Belém, vão contar-se pelos dedos as vezes em que os 13 conselheiros serão chamados a pronunciar-se. Nada como votar a favor do máximo descanso.”
In Jornal Expresso


E assim, irá à vida o garante do cumprimento da Constituição da República Portuguesa.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Cravo Vermelho ao peito e a cantar a "Grândola Vila Morena"

Hoje lembrei-me de ouvir uma velha música. A quem lhe servir a carapuça....


Cravo vermelho ao Peito

Cravo Vermelho ao peito
A muitos fica bem
Cravo Vermelho ao peito
A muitos fica bem
Sobretudo faz jeito
A certos filhos da Mãe
Sobretudo faz jeito
A certos filhos da Mãe


Não importa quem eles eram
Não importa quem eles são
Nem todo o mal que fizeram
Mas sempre a bem da Nação
Nem todo o mal que fizeram
Mas sempre a bem da Nação

Refrão

E chegado o dia novo
Chegada a bendita hora
Vestiram uma pele de povo
Ficou-lhes o rabo de fora
Vestiram uma pele de povo
Ficou-lhes o rabo de fora

Refrão

E aquele adminstrador
Promovido a democrata
Sempre exaltou o suor
Arrecandando ele a prata
Sempre exaltou o suor
Arrecandando ele a prata
Sempre exaltou o suor
Arrecandando ele a prata

Refrão


Também veio o fura greves
Lacaio dos senhores de então
Pois pode bem ser que às vezes
Se arranje um novo patrão
Pois pode bem ser que às vezes
Se arranje um novo patrão

Refrão

E os cultores da sapiência
Intelectuais de alto nível
Tranquilizando a consciência
O mais à esquerda possível
Tranquilizando a consciência
O mais à esquerda possível

Refrão

José Barata Moura


PS: para ouvir a música siga o link

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Cool-tura para o povo VI

Cool-tura para o povo, a propósito de eleições e reis da primeira volta…


Abaixo el-rei Sebastião

É preciso enterrar el-rei Sebastião
é preciso dizer a toda a gente
que o Desejado já não pode vir.
É preciso quebrar na ideia e na canção
a guitarra fantástica e doente
que alguém trouxe de Alcácer Quibir.

Eu digo que está morto.
Deixai em paz el-rei Sebastião
deixai-o no desastre e na loucura.
Sem precisarmos de sair o porto
temos aqui à mão
a terra da aventura.

Vós que trazeis por dentro
de cada gesto
uma cansada humilhação
deixai falar na vossa voz a voz do vento
cantai em tom de grito e de protesto
matai dentro de vós el-rei Sebastião.

Quem vai tocar a rebate
os sinos de Portugal?
Poeta: é tempo de um punhal
por dentro da canção.
Que é preciso bater em quem nos bate
é preciso enterrar el-rei Sebastião.

Manuel Alegre

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Soares não é fixe. É fixíssimo!





O “Apocalipse Já!” oferece um rebuçado a quem conseguir perceber o que o Dr. Fixíssimo estava a tentar dizer. Boa sorte!